Resumo da Sessão:
As doenças respiratórias em Portugal são a 3ª causa de internamento por doenças, na área da Medicina e são a 5ª causa de morte na população.
Os dados de mortalidade disponíveis reportam-se a 2013 e são de 12.667 óbitos por doenças respiratórias, excluindo os tumores (11,8% dos óbitos), a que se deverão acrescentar 4336 óbitos por tumores malignos de brônquios e pulmão e 211 por tuberculose. No seu conjunto 17.214 óbitos representando 16,1% da totalidade dos óbitos.
Morrem por dia 47 portugueses por doenças do foro respiratório. Em 2014 foram internados por doenças do foro respiratório (Asma, DPOC, Pneumonia, Fibroses, Tumores, Bronquiectasias, Patologia Pleural, Tuberculose e Gripe) 69.384 doentes ( 12,1% do total de internamentos da área médica). Este número representa um acréscimo de 2,4% num período de 10 anos (2005 – 2014) ligeiramente superior aos 1,6% da área da Medicina. A taxa de internamentos por 100.000 habitantes, por doenças respiratórias é pois de 669,97/100.000 habitantes.
As doenças respiratórias mais prevalentes são as doenças alérgicas, as pneumonias, a DPOC e o cancro do pulmão. As doenças alérgicas respiratórias (asma, sinusite e rinite) atingem cerca de 40% da população. Estima-se que a Asma ocorra em 10% da população.
A DPOC atinge cerca de 800.000 portugueses com mais de 45 anos e é a segunda causa de internamento por doenças respiratórias.
As pneumonias são a principal causa de internamento e mortalidade por doença respiratória ( 42.458 internamentos em 2014 e 5.935 óbitos em 2013). Lisboa e Vale do Tejo foi a Região com maior taxa de internamento por pneumonia, mas com uma das menores taxas de mortalidade (43, 57 /100.000 habitantes). O cancro do pulmão é um dos tumores mais frequentes e ocupa o 1º ou 2º lugar em termos de mortalidade. Foi responsável em 2013 por 4336 óbitos e 6.278 internamentos. As taxas de mortalidade por esta patologia são intermédias na Região de Lisboa e Vale do Tejo.
A incidência da tuberculose tem vindo a decrescer situando-se em 2015 em cerca de 20 casos por 100.000 habitantes. Concentra-se sobretudo nos grandes centros urbanos, nomeadamente Lisboa e Vale do Tejo, onde atinge uma cifra de cerca de 40 casos por 100.000 habitantes por ano.
Esta realidade relaciona-se com a maior concentração de grupos de risco acrescido que, para Lisboa e Vale do Tejo, são sobretudo imigrantes e seropositivos para o VIH/SIDA. Em 2015 notificados 627 casos de tuberculose em Lisboa.
As doenças respiratórias estão fortemente associadas às condições sociais: pobreza, fome, más condições habitacionais – frio, humidade, sobrelotação – exclusão social. Daí que a melhoria das condições sociais das populações seja um pilar essencial na prevenção e controle das doenças respiratórias. A compreensão e conhecimento das doenças é essencial ao seu controle, donde decorre que outro pilar essencial seja a promoção da literacia em saúde. O tabaco continua a dever ser considerado como o principal inimigo do pulmão.
Ainda que a taxa de fumadores em Portugal seja baixa, inferior a 20%, o combate ao tabagismo deve continuar a ser considerado essencial, particularmente nos jovens e nas mulheres, grupos em que se tem constatado uma tendência de aumento.
A boa qualidade do ar que respiramos no interior e no exterior dos edifícios é essencial à conservação da saúde do nosso aparelho respiratório. A principal fonte de poluição no exterior das nossas cidades é a circulação automóvel , pelo que são necessárias adequadas medidas de minimização desse risco.
A arquitetura urbana tem forte influência na qualidade do ar das nossas cidades. Neste campo devem ser lembrados que erros podem originar fenómenos de microclimas, túneis de vento, efeitos de estufa, com concentração e aprisionamento de poluentes à superfície.
Igualmente as intervenções paisagísticas devem ser olhadas com atenção uma vez que, dada a prevalência de doenças alérgicas respiratórias, deverá haver o cuidado de privilegiar espécies botânicas pouco poligénicas.
Não podemos esquecer que o frio é responsável por até 30% de óbitos e que muitas das nossas casas estão mal aquecidas no Inverno. Mais de 20% das nossas habitações têm problemas de humidade e ou de sobrelotação, fatores que também contribuem para o aumento das doenças respiratórias.
Em resumo o controlo das doenças respiratórias passa por um conjunto de políticas e de comportamentos multifactoriais e multissectoriais para o que atrás se equacionam algumas pistas orientadoras.